Em meio a pedidos de demissão no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), foram apresentadas nesta segunda-feira (8) no Conselho Nacional de Educação (CNE) as recomendações para o novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que deve ser aplicado em 2024.
O documento ao qual a reportagem teve acesso revela que a prova deve ter duas etapas, uma de conhecimentos gerais e a outra será dividida em quatro áreas profissionais.
A mudança no Enem é uma exigência da lei porque a partir de 2022 as escolas precisam oferecer o novo ensino médio, que dá flexibilidade aos alunos para escolher parte do currículo, de acordo com suas preferências e aspirações de trabalho. A nova prova terá, portanto, de avaliar também essa nova formação.
A proposta do parecer da ex-presidente do CNE, Maria Helena Guimarães de Castro, é que a segunda etapa do Enem seja dividida em Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (Stem), para classificar alunos para cursos das engenharias, química, computação, entre outros; Ciências Sociais Aplicadas, para cursos de economia, administração, direito; Humanidades, Linguagens e Artes, para cursos de filosofia, história, pedagogia, entre outros; e Ciências Biológicas e Saúde, para cursos de medicina, enfermagem, meio ambiente, entre outros.
O documento entra em consulta pública nesta terça-feira (9) e será votado no conselho em dezembro. Não foi proposta uma prova específica para quem optar por fazer ensino técnico com o médio.
Se aprovado, o Inep deve começar a elaborar o exame com base nessas diretrizes. Com a debandada do Inep, a preocupação de Maria Helena é “como e quando” isso será feito. “O MEC precisa se preparar, contratar consultores, fazer investimento em dinheiro e técnico para ter um novo banco de itens (perguntas da prova)”, disse. O parecer diz ainda que a prova pode ter questões dissertativas e não apenas de múltipla escolha.
Maria Helena ouviu secretarias, entidades, universidades e analisou um estudo de experiências internacionais feito pela consultoria Vozes da Educação. Muitos dos países analisados têm uma prova geral e a outra com escolha dos estudantes. A maioria tem questões discursivas e algumas orais, como na França e no Reino Unido. China e Alemanha descentralizam a organização do exame, apesar de ele ser nacional.
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