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Em quatro meses, sete filhotes de peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis) foram resgatados pelo Projeto Peixe-Boi, do Inpa (Instituto de Pesquisas da Amazônia) no Amazonas. A quantidade representa 46% dos 15 mamíferos que chegaram ao projeto em 2024.

Segundo a pesquisadora Vera da Silva, a caça ilegal é o principal causa da orfandade de filhotes. “O peixe-boi ainda é uma espécie em perigo de extinção e a caça predatória ainda ocorre na região amazônica. Os caçadores matam a mãe e o filhote não tem como se alimentar porque é uma espécie que mama até os dois anos de idade”, diz a pesquisadora.

Vera da Silva diz que quando os filhotes são encontrados debilitados, fracos e com ossos aparecendo é necessário o resgate imediato. “Nesses casos, o filhote, provavelmente, perdeu a mãe, então é necessário trazer o animal ao projeto para ser reabilitado e depois retornar à natureza”.

Os municípios onde há maior incidência de resgates de filhotes de peixe-boi são Parintins, Barreirinha, Autazes, Manacapuru, Itapiranga, Silves e Itacoatiara.

Preso nas malhas

Outra ameaça aos filhos são redes de pesca, as malhadeiras, onde os animais ficam presos. Os pescadores não sabem como soltá-los e as malhas causam ferimentos. De acordo o veterinário do projeto Anselmo d´Affonseca, a época de cheia dos rios é quando ocorre a maioria dos nascimentos dos peixes-boi e muitos ficam emalhados ou perdidos.

“Quando o filhote é encontrado emalhado ou na beira do rio, mas está saudável, é provável que a mãe esteja por perto. Nesses casos, em locais que não tem histórico de caça predatória, os pescadores e comunitários precisam soltar imediatamente o animal no rio”.

Anselmo diz também que os pescadores que praticam a pesca ilegal não têm interesse pelo filhote porque são recém-nascidos e não tem gordura e músculos desenvolvidos para o consumo.

Histórico

Uma fêmea chegou no dia 31 de janeiro ao Inpa, em Manaus. O filhote foi encontrado sozinho, indício de que a mãe foi capiturada. Trata-se de um filhote com aproximadamente três meses de idade. No dia 7 de março, um macho foi avistado boiando sozinho em Urucará. A situação remete a um cenário similar, típico de áreas onde a caça de peixe-boi é frequente, sugerindo também a perda da mãe.

Após cinco dias, no dia 12 de março, um filhote macho foi levado da Comunidade de Santa Rosa, em Manaus. Encontrado sozinho, o animal apresentava sinais de debilidade, possivelmente por ter se perdido da mãe, supõem os pesquisadores.

No dia 24 de março, outro filhote macho chegou do município de Borba em bom estado. “Provavelmente, a mãe estava no local porque não é uma área de caça intensa, mas a separação pode ter ocorrido durante a tentativa de socorro por parte da comunidade local”, explica d´Affonseca.

No dia seguinte, 25 de março, um novo macho foi encontrado no Porto do Cimento, na Colônia Oliveira Machado, em Manaus, apresentando boas condições físicas.

No dia 26, um filhote veio de Parintins para Manaus. Ele estava aparentemente saudável, mas foi resgatado em uma região de alta incidência de caça, o que sugere que sua mãe possivelmente foi vítima da caça ilegal.

O último peixe-boi chegou no dia 21 de abril, da Comunidade São José I, ramal Umirituba. O filhote foi encontrado entrelaçado em uma malha de pesca.

Resgate

Os pesquisadores ressaltam que os órgãos ambientais que realizam o resgate devem ser acionados apenas quando o filhote apresenta sinais de debilidade grave, como magreza extrema, ossos expostos ou ferimentos profundos.

Nessas situações, é imprescindível acionar os órgãos como o Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas), o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Polícia Ambiental do Amazonas e as Secretarias de Meio Ambiente dos municípios.

Reabilitação  

Quando os peixes-boi chegam ao instituto após o resgate, eles passam pelo processo de reabilitação e manejo dos veterinários e tratadores. Quando estão reabilitados e adultos participam do Programa de Soltura.

Uma fase importante para o sucesso da soltura é a fase de semicativeiro onde os animais são selecionados para ficar num lago seminatural, por seis a 12 meses, para se readaptarem às condições naturais.

Após essa etapa, a atividade de manejo seleciona os animais mais aptos para serem soltos na Reserva Piagaçu-Purus, no Amazonas, e são monitorados pela Ampa (Associação Amigos do Peixe-boi) e pelos comunitários por pelo menos seis meses para acompanhar a readaptação aos rios.

O post Caça ilegal e malhadeiras geram orfandade de peixes-boi no Amazonas apareceu primeiro em Portal Você Online.

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