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A violência contra pessoas idosas no Amazonas tem apresentado números alarmantes. Em, 2024, os Centros Integrados de Proteção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (Cipdis) realizaram mais de 8,6 mil atendimentos, número seis vezes maior do que o registrado em todo o ano anterior, quando 1,4 mil casos foram registrados.

Os dados refletem uma realidade que vai além dos números. Em maio deste ano, um dos casos mais brutais veio à tona: um homem de 50 anos foi preso em flagrante em Manacapuru, acusado de estuprar a própria mãe, uma idosa de 98 anos. A vítima, resgatada em situação de abandono, estava desnutrida, com hematomas e deitada em um colchão sujo. Segundo a polícia, o agressor também se apropriou da aposentadoria da mãe, penhorando seu cartão por R$ 2 mil.

Ainda no mesmo mês, uma mulher de 40 anos foi detida em Manaus, no bairro Presidente Vargas, após ser flagrada agredindo a própria mãe, de 75 anos. As agressões foram registradas por vizinhos, que acionaram a polícia. Os vídeos mostram tapas e gritos vindos da residência, evidenciando a violência cotidiana muitas vezes escondida dentro de casa.

Esses episódios exemplificam uma tendência que preocupa autoridades e especialistas: a maioria das agressões contra idosos acontece no ambiente familiar e é cometida por pessoas próximas, o que dificulta denúncias e retarda intervenções.

Violência
De acordo com a Delegacia Especializada em Crimes Contra a Pessoa Idosa (DECCI), os crimes mais recorrentes envolvem violência psicológica, negligência, violência física e patrimonial. Casos de apropriação indevida de proventos, retenção de cartões, empréstimos não autorizados e fraudes financeiras são especialmente frequentes e, muitas vezes, associados a outros tipos de violência simultâneos.

A delegada Andrea Nascimento, titular da DECCI, destaca que muitos idosos não denunciam os agressores por medo, vergonha ou dependência emocional e financeira, o que contribui para uma alta subnotificação. “A violência contra a pessoa idosa é multifacetada. Independentemente da condição socioeconômica, qualquer idoso pode se tornar vítima. Quanto maior a vulnerabilidade — física, cognitiva, emocional ou financeira —, maior a incidência de vitimização”, explicou.

Nos casos mais graves, equipes da DECCI são acionadas para oferecer proteção imediata, com escuta qualificada e apoio psicossocial por meio do Cipdis, que funciona integrado à delegacia.

Apesar do avanço das ações e do fortalecimento da rede de apoio, especialistas alertam que a violência contra idosos continuará crescendo sem um engajamento maior da sociedade. Denúncias podem ser feitas de forma anônima e em diversos canais — algo essencial para romper o ciclo de abusos.

Junho Violeta
Diante desse cenário, teve início nesta semana a campanha Junho Violeta, com o tema “Fortalecendo laços: saberes e práticas intergeracionais no enfrentamento à violência contra as pessoas idosas”. A iniciativa prevê ações educativas, atendimentos sociais e operações policiais em todas as zonas de Manaus e municípios do interior. A programação inclui mais de 15 atividades, como palestras, rodas de conversa, seminários, capacitações e atendimentos jurídicos e psicossociais.

Canais de denúncia

• Delegacia Especializada em Crimes contra a Pessoa Idosa (DECCI): Rua do Comércio, bairro Parque 10;

• Qualquer delegacia de polícia mais próxima da residência da vítima;

• Delegacia Virtual, disponível no site da Polícia Civil (PC-AM), para registro de ocorrências de forma rápida e acessível;

• Disque 100

• Disque 181

• Órgãos da rede de proteção, como os CREAS, CRAS, unidades de saúde, Ministério Público, Defensoria Pública, além do Centro Integrado de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa (CIPDI), da SEJUSC, e os Conselhos Estadual e Municipal da Pessoa Idosa, que também atuam na recepção, encaminhamento e acompanhamento das denúncias.

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