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Um protótipo de segurança ativa anticolisão para motocicletas, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), pode se tornar uma solução para reduzir o número de acidentes envolvendo motociclistas em Manaus. Em 2024, a capital amazonense registrou 158 mortes em ocorrências desse tipo, um aumento de 31% em relação ao ano anterior, segundo o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU).

O dispositivo, criado por meio do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP), utiliza sensores avançados e inteligência artificial para identificar riscos iminentes de colisão e emitir alertas sonoros, permitindo que o motociclista realize manobras de fuga ou abandone o veículo em situações críticas.

“O sistema foi pensado para trazer maior proteção aos motociclistas e reduzir a quantidade de lesões causadas por colisões, principalmente aquelas em que há alguma condição de proteção para o piloto”, explica o professor Dércio Luiz Reis, orientador do projeto. Além dele, o aluno de Mestrado em Engenharia de Produção da UFAM – PPGEP/UFAM, Luiz Adriano Simas da Silva, analista de sistemas, também participa do desenvolvimento da tecnologia.

Em 2024, a frota de motocicletas em Manaus alcançou 328.842 veículos, com um aumento de 32.315 motos em comparação ao ano anterior. O crescimento está diretamente ligado à produção de motos, que atingiu 1,3 milhão no ano.

Como funciona o protótipo?

O equipamento é composto por sensores ultrassônicos e laser que medem a distância entre a motocicleta e os veículos próximos, além de uma câmera traseira que monitora o entorno. Os dados coletados são processados por um software com inteligência artificial, capaz de identificar o tipo e modelo dos veículos, calcular velocidades e prever se há risco de colisão iminente.

“Se o sistema detecta que o veículo que se aproxima não terá tempo suficiente para frear, um alerta sonoro é acionado, permitindo que o motociclista tome alguma ação para evitar o impacto. Além dos alertas sonoros, o protótipo também pode incluir uma tela LCD que exibe imagens do veículo com uma moldura colorida, indicando o grau de risco”, detalhou Reis.

Além disso, o protótipo funciona com sistema de código aberto e possui tecnologia Bluetooth, o que permite sua conexão a equipamentos tipo carplay para motocicletas, que já são comercializados e possuem câmeras integradas.

Sistema anticolisão promete reduzir mortes de motociclistas em Manaus
O protótipo foi desenvolvido com um investimento aproximado de R$ 300 e pode chegar ao mercado por cerca de R$ 550 – Foto: Reprodução

Custos e acessibilidade

Um dos diferenciais do sistema é a proposta de baixo custo e fácil adaptação a diferentes modelos de motocicletas, especialmente de menor porte, que representam a maioria da frota nas cidades brasileiras. Segundo o professor, o protótipo foi desenvolvido com um investimento aproximado de R$ 300 e pode chegar ao mercado por cerca de R$ 550, dependendo da embalagem final e da instalação.

“O objetivo é tornar essa tecnologia acessível para o maior número possível de motociclistas, que hoje estão mais vulneráveis no trânsito, principalmente em colisões pela traseira, que são as que considero mais perigosas, pois o piloto e passageiro são esmagados contra o veículo da frente ou podem ser atropelados pelo veículo causador do acidente”, explica o professor Dércio Luiz Reis.

Parcerias e implementação

A Ufam busca parcerias com órgãos de trânsito, segurança pública e empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) para viabilizar a produção em larga escala e a implementação da tecnologia. A inovação já foi registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), mas ainda precisa passar por testes em condições reais de trânsito e homologações.

“O sistema foi testado somente em veículos de controle remoto e teve sua aplicabilidade validada. O teste em condições reais de trânsito não foi feito por ainda não ter sido concluída a embalagem final do sistema, que precisa ser à prova d’água. Buscamos colaborações públicas e privadas que nos permita conduzir a fase de transformação do protótipo em produto. Após esta etapa, estaremos aptos a estabelecer parcerias que, efetivamente, auxilie a segurança no trânsito para os motociclistas”, disse Dércio Luiz Reis.

O projeto da Ufam representa um avanço significativo para a segurança viária e aguarda investimentos para dar o próximo passo rumo à implementação em larga escala.

54,5% dos motocicletas não possuem CNH no AM

Dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) revelam um dado alarmante: no Amazonas, 54,5% dos proprietários de motocicletas não possuem habilitação (categoria A) para conduzir veículos de duas ou três rodas, principalmente no interior. Os números refletem a alta mortalidade da categoria.

“Todo equipamento ou dispositivo que possa auxiliar na maior proteção dos motociclistas é bem-vindo. Hoje, apenas 3% do deslocamento de veículos é feito por motos, mas esse número sobe para 55% em termos de internações e mortes por acidentes de moto. Algo efetivo precisa ser feito, e essa tecnologia tem grande potencial para ajudar a reverter esse cenário”, destacou o especialista em trânsito Rafael Cordeiro.

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