Levantamento feito pela Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia mostra que furto de energia foi maior que produção de Belo Monte.
Um levantamento da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), divulgado nesta segunda-feira (10), mostrou que o volume de energia furtada por meio de ligações clandestinas (os gatos) no Brasil é equivalente a toda produção anual da usina de Belo Monte (PA) e que o Amazonas lidera o ranking dos Estados que mais sofre com o problema.
Conforme a Abradee, que usa dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Belo Monte produziu no ano passado 4.418 MW de energia em média. Já o total da energia furtada de todas as distribuidoras brasileira foi de 4.655 MW médios.
Os estados do Norte são os que mais sofrem com o furto da energia distribuídas pelas concessionárias, sendo que a situação é mais grave com a Amazonas Energia, cujas perdas não-técnicas (furto) equivalem a 117% do total fornecido.
Além do prejuízo que causam aos sistema de distribuição, as ligações clandestinas sobrecarregam a rede, podem causar incêndios, alguns de grande proporções sobretudo em favelas, e, pior, encarecem a tarifa de quem paga regulamente pelo serviço, uma vez que todos os custos de uma distribuidora deve ser bancado pela tarifa estipulada pela Aneel.
“Os consumidores mais pobres são os mais impactados pelo aumento da conta de luz, que tem, entre outros fatores, o peso dos altos índices de furto de energia registrados sobretudo em alguns Estados do País”, diz nota da Abradee.
Amazonas Energia vive dias turbulentos
A distribuidora Amazonas Energia é responsável pelos 62 municípios do Estado e atende mais de 1 milhão de clientes. No entanto, sofre com um forte desequilíbrio contábil-financeiro que levaram a Aneel a recomendar ao Ministério de Minas e Energia a retomar a concessão, declarando a caducidade do contrato assinado em 2019 e que repassou a empresa para o grupo Oliveira, do empresário Orsine Oliveira.
O principal problema da empresa são essas perdas não técnicas e uma dívida que mais de R$ 10 bilhões, a maior parte junto à Eletrobras. A empresa não comenta estes temas, mas no ano passado contratou o banco Pactual para procurar um novo controlador, o que até agora não deu resultado.
Na semana passada uma reunião entre representantes da Aneel e do Ministério de Minas e Energia discutiu saídas para a concessionária e o grande problema é que as soluções colocadas em pauta vão demandar mudanças legislativas num momento em que o Governo não tem uma base sólida no Congresso Nacional.
Sobre os gatos, desde 2022 a empresa optou por instalar medidos aéreos, considerados mais confiáveis, mas a opinião pública foi contra e iniciou uma guerra judicial contra os equipamentos. A Amazonas Energia conseguiu vitória no Supremo Tribunal Federal, mas o ritmo de instalação do equipamento segue com muitas dificuldades.
Outra opção adotada para combater os gatos foi intensificar as fiscalizações tendo ao lado a polícia, que tem uma delegacia especializada no combate a furtos de energia e de água. Segundo os bastidores da empresa, ao contrário do que pensa a maior parte da população, não estão com os pobres o grande volume de furto, mas sim em condomínios de luxo, onde a entrada da fiscalização só acontece quando há determinação judicial.
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