Uma trégua inédita entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) foi anunciada nas redes sociais, com o Amazonas sendo um dos estados a aderir ao acordo. O objetivo é pressionar as autoridades e flexibilizar as regras do Sistema Penitenciário Federal (SPF), onde líderes das organizações estão presos.
O especialista em segurança pública no Amazonas, Walter Cruz, explica que a “aliança” entre as facções tem ligação direta com as restrições impostas nas prisões de segurança máxima. Segundo ele, advogados também têm atuado como intermediários entre os presos, articulando estratégias para pressionar por mudanças nas condições carcerárias.
“Essa aproximação não aconteceu por acaso. Atualmente, a cúpula dessas organizações está sob o regime das penitenciárias federais. Nesses presídios, não há visitas íntimas, e os contatos com advogados e familiares são restritos aos parlatórios, sem qualquer interação física”, explica o especialista.
Walter Cruz alerta ainda que, no Amazonas, a trégua pode reduzir a violência nas ruas e dentro das unidades prisionais de Manaus e do interior do estado, onde as facções travam disputas. No entanto, as forças de segurança devem ficar em alerta.
“Vamos acompanhar de que forma isso vai afetar a segurança pública do estado. Uma aliança entre PCC e CV pode fortalecer a influência dos grupos e facilitar operações criminosas determinadas de dentro dos presídios, como tráfico de drogas e homicídios. Além disso, a troca de informações e recursos entre as facções poderia ampliar o alcance das atividades ilegais”, ressalta.
Comunicado proíbe ataques
Em comunicado divulgado nas redes sociais, o CV orientou seus membros a cessarem ataques contra o PCC enquanto a trégua estiver em vigor. “No Amazonas, pedimos que todos sigam essa ordem e não ajam contra o PCC até a segunda ordem”, diz a mensagem.
Foguetório
No início da semana, moradores de diversos bairros de Manaus registraram a queima de fogos de artifício. A ação, coordenada por membros do Comando Vermelho, seria uma celebração pelos cinco anos de atuação da facção no Amazonas. Mais de 50 pessoas foram detidas, a maioria assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência e foi liberada.