O aumento da taxa básica de juros (Selic) para 11,25% ao ano, anunciado nesta semana pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, acendeu um alerta entre representantes da indústria e do comércio do Amazonas.
O ajuste, que visa conter a inflação, provoca preocupações sobre os efeitos que o aumento dos juros pode trazer para a economia regional, especialmente no Polo Industrial de Manaus (PIM) e no comércio local, setores fortemente impactados pelo encarecimento do crédito e pelas dificuldades logísticas.
Para o presidente da Fieam, Antonio Silva, a taxa Selic elevada traz efeitos negativos para a indústria do Amazonas, considerando que a inflação atual é fruto de “fatores conjunturais, não estruturais”.
Segundo ele, esse cenário de juros altos desestimula o setor industrial a investir e amplia os desafios para o desenvolvimento econômico que deverão ser sentidos a médio e longo prazo.
Silva acrescentou que o aumento da taxa de juros pelo Copom cria um ambiente desfavorável para o setor, especialmente com a possibilidade de novas altas no futuro tornando ainda mais difícil a manutenção e expansão das atividades industriais no estado.
“Ainda mais nocivo é o encarecimento do custo do crédito. Esse aumento, aliado às questões oriundas do período de estiagem, que impactaram os nossos custos logísticos, criam um cenário que onera sobremaneira as operações das indústrias locais.” alerta Antonio Silva.
Aderson Frota, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas (Fecomércio AM), destacou que a Selic exerce um papel significativo no controle da inflação, evitando que os preços disparem e protegendo, sobretudo, a população de baixa renda.
Entretanto Frota alerta que, embora o ajuste da taxa seja necessária para conter o processo inflacionário, ela também dificulta as operações econômicas ao elevar os custos, criando um obstáculo para as empresas.
“O aumento da Selic encarece as operações, encarecendo o crédito, encarecendo os parcelamentos. De alguma maneira isso tem que ser visto, observado, porque isso tende a afetar o consumidor final.” justificou o dirigente.
Para Frota, é essencial encontrar um equilíbrio entre a necessidade de controle inflacionário e a preservação de condições favoráveis ao setor comercial para não afetar diretamente o consumidor final.
Já o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Serafim Correa, fez uma ponderação mais cautelosa sobre os impactos da alta da Selic.
Ele reconheceu que a elevação da taxa afeta diretamente o custo do dinheiro e, consequentemente, o crédito, o que pode repercutir nas vendas do Distrito Industrial de Manaus.
“O aumento da taxa Selic tem impacto no custo do dinheiro, afetando no crédito. Isso terá efeito sobre as vendas do Distrito Industrial porque nós dependemos do Sul e do Sudeste”, afirmou o secretário.
Apesar disso, Serafim acredita que o impacto não será tão acentuado no curto prazo e sugeriu que é importante aguardar o desempenho do setor nos próximos meses.
Ele destacou que o período de dezembro será um termômetro significativo, dado o aumento das vendas de produtos eletroeletrônicos e demais itens de alto consumo nas festas de fim de ano.
“Vamos aguardar os próximos meses, principalmente o mês de dezembro que é muito significativo porque tem as compras de Natal e Ano Novo”, completou, mostrando confiança de que o impacto da Selic pode ser diluído pela sazonalidade positiva do setor.
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