Rio Solimões volta a secar na região da Tríplice Fronteira. Além do isolamento total das comunidades por semanas ou até meses, os eventos extremos geram uma série de problemas.
Estudo de um grupo de cientistas, liderado pela brasileira Letícia Lima, do Instituto de Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade Autônoma de Barcelona (ICTA-UAB), revela que a seca extrema de rios na Amazônia vão isolar 50% das comunidades, sendo a maior parte no Amazonas.
Publicado no Communications Earth and Environment e divulgado pelo Observatório do Clima, o estudo aponta que nas terras indígenas o isolamento pode chegar a 54%.
Os pesquisadores analisaram as secas de 2005, 2010 e 2016 e também concluiu que as estiagens estão durando pelo menos um mês mais que o normal.
Outra conclusão do estudo é que os formuladores de políticas públicas para o enfrentamento dos eventos extremos na região não estão sabendo líder com problema.
O Rio Solimões por exemplo continua secando na região da tríplice fronteira entre o Brasil, Peru e Colômbia. No último domingo (14) e até segunda-feira (15), baixou mais seis centímetros, atingindo a cota de 5,76m.
Desde o mês de junho, quando começou o processo de estiagem na região, o nível do Rio Solimões tem variado. Conhecido como repiquete, essas subidas repentinas duram, em média, três dias. A última elevação ocorreu entre os dias 11 e 13 de julho, quando o rio subiu dezessete centímetros.
“Os cientistas alertam há anos que a bacia amazônica enfrenta um aumento substancial na frequência e intensidade de eventos extremos devido às mudanças climáticas, além de mudanças severas em seu sistema hidrológico devido ao desmatamento e degradação florestal”.
De acordo com a pesquisadora, as secas passadas e a mais recente, 2023-2024, mostram que os impactos nos ecossistemas se estendem gravemente à população amazônica.
Além do isolamento total das comunidades por semanas ou até meses, os eventos extremos dificultam o acesso dos ribeirinhos aos alimentos, combustível e suprimentos médicos por causa dos impactos no transporte hidroviário.
Conforme o estudo, produtores que abastecem os mercados locais e áreas urbanas próximas têm dificuldade em transportar pelos rios o que colhem e pescam.
Os pescadores também são prejudicados por causa da morte dos peixes – os baixos níveis de água e as temperaturas mais altas aumentam a matéria orgânica e diminuem o nível de oxigênio. As escolas são fechadas.
Os pesquisadores dizem que a diminuição dos baixos níveis de água superficial e subterrânea pioram a qualidade da água, “tornando-a temporariamente imprópria para consumo”.
“Estudos anteriores mostraram evidências de aumento nas internações no estado do Acre durante os meses de 2005, associadas tanto a doenças transmitidas pela água quanto a doenças respiratórias devido à poluição do ar por causa de incêndios florestais”, diz um trecho do artigo.
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