Além de trazer dor aos fãs, amigos e familiares, a morte de Marília Mendonça, na última sexta-feira (5), trouxe preocupação com o pequeno Léo, filho da cantora com Murilo Huff — daqui a pouco mais de um mês, no dia 16 de dezembro, ele vai completar 2 anos.
Falar com as crianças sobre morte e entender as formas de luto vividas por elas são questões importantes, principalmente nos dias atuais, quando o mundo vive uma pandemia. Segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen Brasil), até o mês passado o País tinha mais de 12 mil crianças de até 6 anos órfãs de um dos pais devido à Covid-19.
Nas redes sociais, Huff falou das dificuldades que enfrentará para criar o filho. “Talvez esse pequenininho correndo aqui na sala me ajude a enfrentar sua falta. Ou talvez ele me faça sentir mais falta ainda, porque ele é sua cara. Eu não sei. Eu tô perdido. Mas te prometo que eu vou encontrar o caminho e vou cuidar dele, com todas as minhas forças”, escreveu o cantor no Instagram.
A psicóloga Elaine Di Sarno, do Hospital das Clínicas, da Universidade de São Paulo (USP), explica que as crianças não têm uma compreensão exata do que é a morte, mas falar a verdade a elas é fundamental.
“Até os 3 anos de idade, não se entende ou compreende a morte na sua totalidade. Então, a conversa tem de ser mais lúdica, mas não pode é criar expectativa de que a pessoa vai voltar, porque isso não existe. A conversa deve ter dados da realidade. Também não é interessante falar que a pessoa vai aparecer em sonho, porque a criança tem muita fantasia e pode querer dormir para a pessoa voltar”, alerta Elaine.
A psicóloga Gabriela Luxo, especialista em distúrbios do desenvolvimento, acrescenta. “A morte é um conceito subjetivo e às vezes ela é muito repentina, sem (dar tempo) que a criança consiga elaborar que o familiar estava mal e poderia morrer. Só a partir dos 6 anos as crianças conseguem entender melhor a morte, porque conseguem entender que existem o eu e o outro”, explica Gabriela.
O acolhimento das crianças quando elas quiserem falar sobre a pessoa que morreu e a honestidade de sentimentos adultos, sem esconder a tristeza aos pequenos, são formas de ajudar os pequenos a aceitar a nova realidade.
“O principal é mostrar à criança que ela não será abandonada, que tem alguém que vai dar acolhimento a ela. Uma criança bem cuidada não é necessariamente cuidada pelos pais biológicos. O importante é que ela tenha pessoas próximas que vão ajudá-la a contornar a situação”, pontua Gabriela.
“Temos de acolher a criança e proporcionar a ela um ambiente em que possa expressar a emoção, já que ainda não sabe nomear alegria, tristeza, angústia, ansiedade. Se o adulto estiver chorando, é importante explicar que o choro é de saudade, tristeza. Precisamos mostrar que ficamos tristes em algum momento da vida, mas que um dia [isso] melhora. Não negar nem ficar rindo como se nada tivesse acontecido. Até porque as crianças são muito observadoras e percebem o ambiente”, observa a psicóloga.
Algumas medidas no dia a dia podem auxiliar nesse momento, como fazer leituras de livros sobre o assunto para crianças e deixar que elas mesmas, se quiserem, façam parte dos rituais após a perda de um familiar.
“Deixar que a criança decida se quer participar da missa, velório, não é o caso, porque as crianças não entendem e (isso) não é relevante. (Assim como não é o caso que elas decidam participar] do ritual de guardar coisas da pessoa, de tirar de casa roupas e pertences [de quem faleceu). Se a família faz uma oração junta, deve chamar a criança para participar. Ela vai entender que está acolhida, apesar de todos os adultos estarem tristes”, orienta Elaine.
Assim como os adultos, alguns pequenos podem ter mais dificuldade de superar a perda, e a ajuda de profissionais é necessária. “Sempre que a criança apresentar um comportamento diferente do padrão dela, é importante procurar ajuda. Toda regressão ou comportamentos que ficam mais intensos [são sinais de que] é necessário buscar ajuda. Mesmo que a criança seja muito pequena, porque os profissionais também conseguirão auxiliar os cuidadores sobre a melhor forma de agir”, diz Gabriela.
A perda é difícil para todos, e a percepção e a dor das crianças não podem ser negligenciadas. “Não foram só os adultos que perderam uma pessoa que amam, as crianças também. Elas não podem ser esquecidas, porque são inteligentes, observadoras e percebem que está todo mundo triste e chorando”, conclui a psicóloga.
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