Manaus completa 354 anos nesta terça-feira (24/10) em meio à maior seca da história e queimadas, que estão causando sérios problemas ambientais, de saúde, sociais e econômicos. Nesta data, o Toda Hora conversou com ativistas sobre os desafios a serem enfrentados.
O presidente do Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio Tarumã-Açu e ativista ambiental, Jadson Maciel, ressalta que a estiagem severa é uma resposta a toda degradação que vem ocorrendo com os recursos naturais nas últimas décadas.
“Apesar de moramos na Amazônia e termos a maior bacia hidrográfica do planeta, infelizmente falta uma boa gestão de tudo isso. E não adianta culpar só os governos, porque todo mundo tem participação nessa agenda. Essa seca veio para dar um recado à população manauara, que é preciso se preocupar principalmente com as nascentes da nossa cidade, porque são elas que alimentam todos os corpos hídricos (rios)”, declara.
Jadson é fundador do projeto Remada Ambiental, que desde 2016 promove ações de limpeza de resíduos sólidos na maior bacia hidrográfica de Manaus: a do rio Tarumã-Açú, na zona Oeste. O local, assim como outros na cidade, vem sofrendo com a degradação provocada por urbanização, ocupação irregular e poluição.
Nos últimos sete anos, o Remada Ambiental já envolveu mais de 1,5 mil voluntários e removeu cerca de 100 toneladas de resíduos da área do Tarumã-Açú. Durante as ações, materiais como garrafas PET, latinhas, plástico e muitos outros descartados incorretamente são recolhidos tanto nas ruas próximas quanto nas águas.
O projeto, que visa o bem-estar dos rios, lagos e nascentes, tem como principal objetivo chamar a atenção da sociedade em geral para a problemática do descarte incorreto dos resíduos nas vias públicas. Além disso, são desenvolvidos trabalhos de educação ambiental e coleta seletiva.
Grande maloca
Uma das lideranças indígenas de maior expressão na Amazônia, a artesã Regina Sateré-Mawé, lamenta que os indígenas que moram em Manaus ainda enfrentam muitas dificuldades. A família dela fez história com a criação da Associação das Mulheres Sateré-Mawé (Amism), que produz artesanato como reprodução da sua cultura e para sustento. A organização foi fundada em 1992, pela mãe de Regina, que faleceu em 2013.
Hoje, ela conta com o apoio da filha na coordenação da Amism, Samela Sateré-Mawé, que é comunicadora e ativista socioambiental. Atualmente, a organização tem mais de 50 mulheres associadas em mais de 30 aldeias. Durante a pandemia, a produção de artesanato e máscaras da associação que ela coordena garantiu a subsistência das famílias chefiadas por mulheres.
“Manaus é um grande ‘malocão’ onde se habita a maior parte dos povos indígenas e não tem nada para nós aqui. Está na hora de ter um espaço só para nós, povos indígenas, onde possamos mostrar nossas danças, nossas comidas típicas, nossas pinturas, nossas aulas na língua indígena. É isso. Nós só queremos um espaço que seja reconhecido pela prefeitura e pelo governo”, afirma, completando que na saúde também eles enfrentam problemas para serem atendidos.
Regina afirma que, apesar dos indígenas já ocuparem espaços na cidade há várias décadas, houve poucas conquistas e avanços até agora. “O que eu espero para o futuro é que Manaus reconheça o seu sangue indígena e que dê mais visibilidade aos povos indígenas e pare de preconceito e racismo com nós”, reforça.
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