Ele fica a apenas 100 kms de Manaus, próximo ao município de Novo Airão, no rio Negro. Trata-se de uma das paisagens mais espetaculares da região Norte, e muito rica em biodiversidade. São cerca de 400 ilhas, ou até mais. Depende do volume de água. Quando está muito baixa no período das secas, outra ilhas aparecem.
Isso faz do arquipélago de Anavilhanas um dos maiores arquipélago fluviais do mundo. Ele só perde para o arquipélago de Mariuá, em Barcelos, antiga capital do Estado, que tem nada menos que 1.400 ilhas.
Anavilhanas passou a ter proteção do Estado ao se tornar uma unidade de conservação. Ela protege não só a beleza cênica, como sua biodiversidade que já foi muito explorada. Desde 1981 a área tronou-se primeiro, uma estação ecológica, depois, em 2008, foi recategorizada pela evidente vocação turística para parque nacional. Uma demora de mais de 20 anos, nada anormal quando se trata do ICMBio.
A criação da UC deve-se mais uma vez à clarividência de um titã do ambientalismo, na época Secretário do Meio Ambiente, Paulo Nogueira Neto. Bastou um sobrevoo na região para Nogueira Neto perceber a singularidade do local e, em consequência, transformá-lo em UC.
Sua extensão é de 350.469,8 hectares, 70,5% ficam no município de Novo Airão, e 29,5% no de Manaus. Entre os animais ameados estão o maracajá-peludo, tamanduá-bandeira, onça-pintada, tatu-canastra, ariranha, e o peixe-boi-da-Amazônia.
Origem do nome
De acordo com o Plano de Manejo do parque ‘o nome Anavilhanas é uma corruptela do nome do rio Aneuene ou Anauini, que também era chamado Anaviana, vocábulo bem próximo do atual Anavilhanas. O nome é bem antigo, aparecendo nos mapas da região já no século XVIII’.
O problema deste arquipélago é sua proximidade com Manaus, e sua grande variedade de vegetais. Foi o que bastou para que mercados interessados em madeira iniciassem a exploração que, segundo o Plano de Manejo,’indicam que a atividade ilegal acontece desde que a UC foi criada’.
Por outro lado, é um dos poucos parques nacionais que não têm problemas fundiários. Ainda segundo o PM, ‘das 54 famílias que existiam nas terras de Anavilhanas, houve o cadastramento, indenização e realocação da maioria; outras foram indenizadas, mas não conseguiram se mudar à época’.
As estações do ano e as diferenças na fauna
Nas grandes cheias (de março até agosto), as ilhas ficam totalmente submersas, o que torna esse habitat especialmente importante para a fauna aquática, já que tanto a produção de frutos como a ciclagem de nutrientes acabam fazendo parte da cadeia trófica aquática durante quase metade de cada ano (Ibama, 2002).
Durante esse período, a fauna terrestre (antas, porcos e veados, primatas, e roedores) é praticamente ausente, podendo ser encontradas apenas aquelas espécies notoriamente arborícolas ou voadoras. No total, já foram registradas 41 espécies diferentes.
A fauna aquática
Mas a grande riqueza está na fauna aquática, e aquele lugar é uma espécie de paraíso para ela. Entre as espécies destacam-se o boto tucuxi, peixe-boi, boto-vermelho; lontra e ariranha. Mas há problemas de superexploração também entre eles, especialmente os peixes-boi que sofrem pressão da caça por sua carne e couro, desde a pré-história.
Peixe-boi ameaçado
De acordo com o Plano de Manejo, ‘acredita-se que o peixe-boi-da-Amazônia seja o mamífero mais caçado da fauna brasileira. Embora protegida por lei, a espécie é apreciada tanto para subsistência quanto para o comércio, o que compromete os números da sua população; fatos que, aliados à baixa taxa reprodutiva da espécie e destruição de seus habitats, explicam a sua classificação como “Vulnerável’’ na Lista Nacional de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção e no Livro Vermelho das Espécies da Fauna e Flora’.
A botânica
Sobre a parte botânica, o pesquisador Cid Ferreir considera que a área de Anavilhanas é um local ainda pouco conhecido e que merece levantamentos botânicos capazes de identificar a composição da vegetação.
Crendices difíceis de serem abandonadas
Uma delas, sempre de acordo com o Plano de Manejo do parque, é que o boto-vermelho é caçado para retirada dos olhos e genitália que se tornam amuletos. Para além disso, ambos os botos, o vermelho e o tucuxi são mortos pela pesca incidental que corre solta em toda a Amazônia.
Quando não ficam presos nas redes, são deliberadamente pescados para se tornarem iscas para a pesca da piracatinga.
O turismo e seus problemas
Um deles tornou-se moda na Amazônia e especialmente em Anavilhanas, o turismo ‘interativo’ com os botos-vermelhos, quando os visitantes se esbaldam ao darem comida aos animais. Infelizmente, esta prática típica de urbanóides inconsequentes tornou-se um dos maiores atrativos do parque. Incrível é que a observação consta do Plano de Manejo, e apesar do parque ter uma equipe razoável considerando as abandonadas UCs brasileiras, nem assim foram capazes de encerrar esta atividade.
Botos são agarrados por turistas que oferecem de tudo: salgadinhos, cerveja, pães, etc. Ao fazerem isso, mal sabem os turistas que estão condenando os animais, essencialmente silvestres, à dependência do ser humano. Hoje, os funcionários do parque conseguiram limitar a prática, mas quando não estão presentes este modelo continua a fazer vítimas.
Até o momento, um total de 281 espécies de aves foram registradas no parque mas os pesquisadores acreditam que há muito mais. Faltam, entretanto, pesquisas. Entre as aves mais comum o destaque vai para o mutúm, o gavião-pato, o Arapaçu-ferrugem e os socós. Ao todo são mais de 30 espécies de aves.
O parque também recebe dezenas de aves migratórias, entre elas várias espécies de maçaricos, e gaviões. Para além da fauna e flora, existem dezenas de lagos, ilhas, canais, e praias (entre setembro a fevereiro no período de seca).
O turismo no arquipélago de Anavilhanas
Por sua proximidade com Manaus e Novo Airão, o turismo é forte no arquipélago. Cerca de 80% dos turistas são brasileiros, 72% dos quais, do Estado do Amazonas. Os europeus participam com cerca de 13%, e 5% vêm dos Estados Unidos.
Serviços
O Parque Nacional de Anavilhanas fica aberto o ano todo. Mas antes de fazer uma viagem é bom pesquisar a melhor época para seu objetivo. No período das secas, de setembro até fevereiro, as praias são um dos atrativos. Na época das cheias, de março até agosto, destacam-se os passeios de barco e a fauna aquática.
Como chegar
A partir de Manaus, de carro (180 km até Novo Airão), de táxi-lotação (aproximadamente 2h30 de viagem), de ônibus ou barco. Neste link do ICMBio há mais detalhes.
Imagem de abertura: Google
Fontes: https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/plano-de-manejo/plano_manejo_parna_de_anavilhanas.pdf; https://www.icmbio.gov.br/portal/unidadesdeconservacao/biomas-brasileiros/amazonia/unidades-de-conservacao-amazonia/1977-parna-de-anavilhanas; https://www.icmbio.gov.br/parnaanavilhanas/guia-do-visitante.html.
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