Goiânia – Em depoimento, Wanderson Protácio confessou que, ao matar a mulher, sabia que ela estava grávida de quase cinco meses. A Record conseguiu com exclusividade uma gravação do trecho da oitiva em que ele fala sobre o assassinato de Rânia Aranha Figueiro, 21 anos, e da pequena Geysa Aranha, de 2 anos e 9 meses, filha de Rânia e enteada do agressor.
No vídeo, ele está sentado e algemado, com as mesmas roupas que usava quando se entregou. Ele parece demonstrar calma, mas se recusa a falar em alguns momentos. “Você sabia que ela estava grávida? Sabia que ela estava grávida de você?”, questiona o delegado. Ele responde que sim. “Tava.”
Na sequência, o delegado diz que ele sabia e, mesmo assim, “a agrediu, a esfaqueou”. Nesse ponto, ele balança a cabeça em uma negativa, mas não diz nada. “Ela avisou a você de quantos meses estava grávida? Vocês tinham ciência?”, continua o delegado. “Ela estava de quatro meses, indo para cinco meses”, Wanderson responde.
O delegado questiona se Rânia tinha acompanhamento médico na gravidez. Ele admite que sim, informa que a mulher já tinha feito ultrassom e até diz tê-la acompanhado quando ela fez o exame – ele viu o feto na barriga da esposa. O vídeo tem 33 segundos, e termina nesse ponto.
O delegado Cleiton Lobo, de Anápolis (GO), foi o primeiro a colher o depoimento de Wanderson. O agressor disse à polícia que havia usado drogas, que a vítima brigava com ele por tê-lo visto falando com primas dela, e que ela estava com ciúme.
“Ele atirou um copo de água no chão. Ela pegou uma faca, foi para cima dele. Ele conseguiu empurrá-la. Caiu no chão. Desmaiou com a queda. Ele pegou a faca e desferiu um golpe no pescoço. A filha dela assistiu a tudo. Com a mesma faca que ele usou para matar a mãe, desferiu um golpe no peito da criança”, relatou Cleiton, no último sábado (4).
Questionado sobre por que teria matado a criança, Wanderson não apresentou uma razão. Disse apenas que estava cego. O crime aconteceu em 28 de novembro. Após matar a mulher e a enteada, ele arrombou a casa do patrão, roubou um revólver calibre 38 e foi a uma fazenda vizinha, para roubar uma caminhonete.
“Ele quer justificar que o ato foi sob o efeito de uma crise, sob efeito de drogas. Mas nós não acreditamos nessa versão. É uma tentativa de justificar os crimes cometidos, principalmente contra a esposa e a enteada”, afirmou o delegado.
No local, ele matou Roberto Clemente de Matos, 73, com um tiro no pescoço, e baleou a mulher de Roberto. A mulher se fingiu de morta, e ele roubou o celular dela e o veículo. “Na versão dele, o casal reagiu, ele caiu no chão e disparou contra o fazendeiro, atingido no pescoço”, relatou Lobo. O criminoso fugiu com o veículo até Alexânia, onde teve ajuda de amigos e, depois, pegou um táxi para Goianápolis. De lá, pretendia ir a pé até Abadiânia, pela zona rural, escondendo-se nas matas.