Mulheres indígenas do Alto Rio Negro (AM) estão usando os saberes ancestrais contra a covid-19. Uma oficina sobre o uso de plantas medicinais no combate à doença realizada pela Associação dos Artesãos Indígenas de São Gabriel da Cachoeira (ASSAI) em setembro do ano passado resultou no lançamento de uma cartilha que pode ser acessada online no site do Instituto Socioambiental (ISA).
“Nós usamos muitos remédios feitos com plantas, cipós, raízes, folhas, tudo tirado dos nossos quintais ou da floresta. Nesse momento de angústia para toda humanidade, esse conhecimento foi fonte de cura, esperança e resistência diante de uma doença desconhecida”, diz o texto de apresentação do material.
Ao longo do último ano, a intensa troca de receitas de remédios para gripe em São Gabriel da Cachoeira (AM) foi sendo reforçada com fitoterapia para problemas intestinais, quadros inflamatórios e respiratórios mais graves. Xaropes, chás, banhos e defumações foram divulgados por meio do WhatsApp e muitas pessoas se curaram da doença com esses medicamentos naturais.
Em setembro, os associados se reuniram para debater presencialmente e mostrar um pouco da sabedoria indígena que foi usada para fortalecer a saúde da comunidade. O Instituto Socioambiental entrou como parceiro na realização da publicação.
Depois de tratar a família contra a Covid-19 usando as plantas da medicina caseira, a professora, artesã, empreendedora e mãe Cecília Barbosa Albuquerque, da etnia Piratapuya, é uma das mulheres indígenas que vêm promovendo a partilha desse conhecimento. “Tudo que eu sei eu vou passar para o outro”, diz, em entrevista ao ISA.
Ingredientes simples
Durante a pandemia, ela propôs que os membros da Associação dos Artesãos Indígenas mostrassem as plantas utilizadas para protegerem suas famílias da doença. O resultado, que agora pode ser acessado na cartilha, apresenta preparos com ingredientes simples, como alho, mel, limão, gengibre e maracujá, entre outros.
Fonte: UOL